quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Poemas lidos no II Café Literário - Ano 2011

Acróstico Professor

Perene labuta
Razão do seu viver
Ofertando o saber
Fazendo acontecer
Ensinando a ser
Semente do bem
Seu olhar vê além
Operário de valor
Raio de luz num mundo opressor.

Professor Aírton Ferreira
E.M. Noé Fortes


Litologia do amor

SÃO TRÊS OS TIPOS DE AMOR:
O AMOR SEDIMENTAR
Fruto do acúmulo
da deposição de sentimentos
Um grãozinho vai cimentando no outro
Um grão de compreensão
Um grão de solidariedade
Um grão de companheirismo
Um grão de confiança
Um grão de ti e de mim.
O AMOR METAMÓRFICO
Já foi só um olhar
E virou uma pintura
Já foi um rabisco
Por temperatura e pressão
Virou criatura
Já foi só uma conversa
E virou empatia
Já foi gota
E virou mar
Já foi mar
E virou sertão
Já sorriu
E agora quer chorar
Já foi só uma parte
E virou completude
Já foi calcário
Hoje é mármore
O AMOR MAGMÁTICO
É resultado da solidificação da convivência
Da aceitação dos defeitos
Do resfriamento das mágoas
Quando solidificado na alma é intrusivo
É granítico
Por isso mais forte
Mais consistente
É o amor plutônico
Também por fendas extravasa na superfície
Embora intenso logo se cristaliza e escurece
É inconstante e imprevisível
Pode ser a maior força da natureza
Causar catástrofes
Ou pode apenas fertilizar o solo e os corações
É basáltico e avassalador: a paixão
É um amor vulcânico.

Prof. Formador Fredson Castro

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Projetos da Escola Municipal Santa Filomena

Professor Ronaldo, com sua turma de flauta, desenvolve um projeto itinerante em que algumas escolas, entre elas, a E.M. Hermelinda de Castro, se reúnem para apresentações musicais. 

O pedagogo Edseu mostra como é desenvolvido o Varal Literário, cujo objetivo é estimular o gosto pela leitura a partir do contato com as obras, dispostas num varal em torno do pátio da escola. 

I Feira do Conhecimento da Escola Municipal Dep. Humberto Reis da Silveira


No dia 24 de setembro de 2011, a E.M. Dep. Humberto Reis da Silveira realizou a 1a Feira do Conhecimento com o tema "Meio Ambiente, o planeta em nossas mãos". Parabéns!!



segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Poemas de Cecília Meireles para crianças



O menino azul

O menino quer um burrinho
para passear.
Um burrinho manso,
que não corra nem pule,
mas que saiba conversar.
 
O menino quer um burrinho
que saiba dizer
o nome dos rios, 
das montanhas, das flores,
— de tudo o que aparecer.
 
O menino quer um burrinho
que saiba inventar histórias bonitas
com pessoas e bichos 
e com barquinhos no mar.
 
E os dois sairão pelo mundo
que é como um jardim 
apenas mais largo
e talvez mais comprido
e que não tenha fim.
 
(Quem souber de um burrinho desses, 
pode escrever
para a Ruas das Casas,
Número das Portas,
ao Menino Azul que não sabe ler.)

Colar de Carolina


Com seu colar de coral,
Carolina 
corre por entre as colunas
da colina.
 
O colar de Carolina
colore o colo de cal,
torna corada a menina.
 
E o sol, vendo aquela cor
do colar de Carolina, 
põe coroas de coral
 
nas colunas da colina.

O cavalinho branco


À tarde, o cavalinho branco
está muito cansado:
 
mas há um pedacinho do campo
onde é sempre feriado.
 
O cavalo sacode a crina
loura e comprida
e nas verdes ervas atira 
sua branca vida.
 
Seu relincho estremece as raízes
e ele ensina aos ventos
 
a alegria de sentir livres
seus movimentos.
 
Trabalhou todo o dia, tanto!
desde a madrugada!
 
Descansa entre as flores, cavalinho branco,
de crina dourada!

Leilão de jardim


Quem me compra um jardim
com flores?
 
borboletas de muitas
cores,
 
lavadeiras e passarinhos,
 
ovos verdes e azuis 
nos ninhos?
 
Quem me compra este caracol?
 
Quem me compra um raio
de sol?
 
Um lagarto entre o muro
e a hera,
 
uma estátua da Primavera?
 
Quem me compra este formigueiro?
 
E este sapo, que é jardineiro?
 
E a cigarra e a sua
canção?
 
E o grilinho dentro
do chão?
 
(Este é meu leilão!)

O mosquito escreve


O mosquito pernilongo
trança as pernas, faz um M,
depois, treme, treme, treme,
faz um O bastante oblongo,
faz um S.
 
O mosquito sobe e desce.
Com artes que ninguém vê,
faz um Q,
faz um U, e faz um I.
 
Este mosquito
esquisito
cruza as patas, faz um T.
E aí, 
se arredonda e faz outro O,
mais bonito.
 
Oh! 
Já não é analfabeto, 
esse inseto,
pois sabe escrever seu nome.
 
Mas depois vai procurar 
alguém que possa picar,
pois escrever cansa, 
não é, criança?
 
E ele está com muita fome.

Sonhos da menina


A flor com que a menina sonha
está no sonho?
ou na fronha?
 
Sonho 
risonho:
 
O vento sozinho
no seu carrinho.
 
De que tamanho 
seria o rebanho?
 
A vizinha
apanha
a sombrinha
de teia de aranha . . .
 
Na lua há um ninho
de passarinho.
 
A lua com que a menina sonha
é o linho do sonho
ou a lua da fronha?

Ou isto ou aquilo


Ou se tem chuva e não se tem sol
ou se tem sol e não se tem chuva!
 
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
 
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
 
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!
 
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
 
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo . . .
e vivo escolhendo o dia inteiro!
 
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.
 
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.

A pombinha da mata


Três meninos na mata ouviram
uma pombinha gemer.
 
"Eu acho que ela está com fome", 
disse o primeiro,
"e não tem nada para comer."
 
Três meninos na mata ouviram 
uma pombinha carpir.
 
"Eu acho que ela ficou presa",
disse o segundo,
"e não sabe como fugir."
 
Três meninos na mata ouviram
uma pombinha gemer.
 
"Eu acho que ela está com saudade",
disse o terceiro,
"e com certeza vai morrer."

Retirado de: http://www.revista.agulha.nom.br/ceciliameireles07.html. Acesso em: 26/09/2011



Poemas de Mário Quintana para crianças



SE EU FOSSE UM PADRE

                                                            Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem no Pecado
muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,

não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições...
Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,

Rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!

Porque a poesia purifica a alma...
 e um belo poema - ainda que de Deus se aparte -
um belo poema sempre leva a Deus!


OS POEMAS
 

                                                     Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês. 
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão. 
Eles não têm pouso 
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias, 
no maravilhoso espanto de saberes 
que o alimento deles já estava em ti...  


Fonte: QUINTANA, Mário. Esconderijos do tempo. Porto Alegre: L&PM,1980.

BILHETE

                                                        Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor  mais breve ainda...


AH! OS RELÓGIOS

Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...

Mario Quintana - A Cor do Invisível

DAS UTOPIAS

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas!

Mario Quintana - Espelho Mágico

POEMINHO DO CONTRA

Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!

Mario Quintana

SEISCENTOS E SESSENTA E SEIS

A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo...
Quando se vê, já é 6ªfeira...
Quando se vê, passaram 60 anos...
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem - um dia - uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio.
seguia sempre, sempre em frente ...

E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.

Mario Quintana ( In: Esconderijo do tempo)

A OBSERVAÇÃO

Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...

Mario Quintana - Espelho Mágico

SE EU FOSSE UM PADRE

Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem no Pecado
- muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,

não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições...
Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,

Rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!

Porque a poesia purifica a alma
... a um belo poema - ainda que de Deus se aparte -
um belo poema sempre leva a Deus!

Mario Quintana

Retirado de: http://www.revista.agulha.nom.br/quinta.html.  e http://www.fabiorocha.com.br/mario.htm . Acesso em: 26/09/2011