É uma quarta-feira, entre dezessete e dezoito horas. A caminho de casa, entro numa
lanchonete para tomar um suco junto do balcão. Na realidade, queria mesmo era, ao
entardecer, apreciar aquela paisagem que de tão conhecida não era mais vista pelos que
ali passavam cotidianamente, o rio Parnaíba. Passo a fitá-lo. Bem ao lado da feira de
troca-troca um casal de namorados acaba de sentar para recolher da vida diária, talvez,
a minha mesma intenção.
Diante deles e de mim há um rio em ruínas, cuja mensagem de vida, de beleza e de
graça está sendo devastada pela estupidez grosseira do homem. Folhas mortas boiam sem
pressa de chegar ao outro lado da sua margem. Ao tomar meu suco confiro novamente
aquela paisagem e penso que a população ribeirinha, lá pelos lados do Poti Velho, deve
inventar coisas para sobreviver. O rio está paralisado, mais areia que água. Daqui a alguns
anos não existirá mais, e com ele vai embora o tão belo e privilegiado verde de Teresina. A
cidade vai virar apenas um amontoado de concreto armado revestido de flores postiças.
Abstraído em recordações, saio da lanchonete e subo a rua calçada de pedras velhas
e irregulares, coberta de asfalto, ladeada de casas velhas de paredes desbotadas. Olho
para o rio, mais uma vez. Não choro. Contenho as lágrimas enquanto vou subindo pela
Álvaro Mendes.
Vou devagar. Já não há nem a pressa, nem a alegria do passado.
Aluna: Maria Cecília Lopes da Silva
Professora: Edna Maria Alves Teixeira de Oliveira
Escola: E. M. Joca Vieira • Cidade: Teresina – PI
Postado pelas professoras Edna e Cristiana.
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